A angiotomografia de coerência óptica (optical coherence tomography angiography, OCTA) é um aparelho que está revolucionando a prática oftalmológica. Utilizando tecnologia desenvolvida por engenheiros do MIT (Massachussets Institute of Technology) é capaz de detectar a diferença de reflectividade dos tecidos, rastreando o contraste produzido pelo movimento dos eritrócitos dentro dos vasos no decorrer do tempo, gerando imagens detalhadas do fluxo sanguíneo intraocular, sem a necessidade de injeção de contraste. Serve como alternativa e/ou complemento da angiofluoresceinografia tradicional, com fluoresceína ou indocianina verde.
Correlacionando as duas modalidades (angiografia convencional com contraste versus OCTA), temos que:
A angiografia convencional fornece um conjunto de imagens bidimensionais que permite a visualização dinâmica do fluxo sanguíneo, com os diferentes padrões de transmissão (hiper ou hipofluorescência), permitindo o estudo das circulações da retina e coroide até a média periferia. Atualmente, com os novos aparelhos que utilizam a técnica de grande angular, onde é possível avaliar até a extrema periferia.
O OCTA, por sua vez, produz de maneira não invasiva mapas tridimensionais detalhados da vasculatura retiniana, de modo rápido, sendo possível observarmos os plexos vasculares da retina interna, retina externa, coriocapilar e coroide. Até o presente momento, o tamanho do campo de captura do OCTA varia de 3 × 3 mm a 12 x 12 mm, com qualidade de digitalização inversamente proporcional ao tamanho do campo. Novos softwares estão sendo desenvolvidos, visando avaliar uma área mais ampla da retina.
Dados indispensáveis:
Indicação clínica e/ou hipóteses diagnósticas a serem pesquisadas, acuidade visual corrigida e tratamento realizado.
Informações gerais sobre a angiotomografia:
Permite analisar a microvasculatura de doenças maculares como degeneração macular relacionada a idade (principal indicação), maculopatia diabética, oclusão venosa, teleangiectasias, vasculopatia polipoidal, coroidopatia serosa central, entre outras.
Modo
· Exame não invasivo, sem contato do aparelho com o olho, sem necessidade do uso de contraste).
· A dilatação das pupilas não é mandatória, mas melhora a qualidade das imagens.
· Duração: 5 a 10 minutos.
- A colaboração dos pacientes é importante para a realização do OCTA pois a captura da imagem depende da fixação do olhar do paciente, apesar do aparelho contar com o sistema eye tracker.
Indicações
· Diagnóstico e acompanhamento de doenças maculares como degeneração macular relacionada a idade, serosa central, distrofia viteliforme, quando se suspeita da presença de membrana neovascular de coroide associada.
Equipamento
- Nossos exames são realizados no aparelho da marca Nidek RS 3000
Alguns exemplos cínicos onde a solicitação do OCT A contribui para o diagnóstico e tratamento:
1. Neovascularização de coroide Tipo II
No OCT B scan observa-se presença de fluído intraretiniano na região macular
No OCT A, observa-se a membrana neovascular em forma de coral na retina externa.
2. Proliferação angiomatosa da retina (RAP)
No OCT B scan mostra uma quebra da retina externa, com elevação do EPR associado a fluído subtretiniano e cisto intraretiniano.
No OCT A, vemos pequena lesão com alto fluxo que se estende a partir da retina externa, se comunicando com a coroide (lesão glomerular).
3. Controle da Degeneração macular relacionada a idade, antes e depois do tratamento:
No OCTA podemos observar a boa resposta ao tratamento com antiangiogênico, com redução do fluxo na membrana neovascular miópica.
4. Acompanhamento após oclusão de ramo de veia central da retina:
O OCT B scan mostra presença de edema cistóide após oclusão de ramo venoso temporal superior.
O OCT A, mostra a área bem demarcada de ausência de fluxo sanguíneo superficial e profundo do plexo vascular. Observa-se a formação inicial de anastomoses e circulação colateral.
5. Retinopatia diabética
Observa-se presença de microaneurismas e pequenas hemorragias retinianas.
O OCT A mostra a zona avascular irregular, com áreas de quebra da malha capilar.
Portanto, a angio-OCT está indicada para doenças que acometem a microvasculatura macular, evidenciando a presença de membrana neovascular de coroide, auxiliando na indicação e monitoramento do tratamento instituído.
6. Glaucoma
O OCTA também é utilizado no acompanhamento do glaucoma, mostrando uma redução da malha vascular peripapilar.
A imagem "A" mostra um nervo ótico com escavação normal, com imagem do OCT-A (figura B) mostrando microvasculatura peridiscal preservada.
Na imagem "E", observa-se uma escavação aumentada, com perda temporal inferior, e a seta na figura "F", mostra uma perda da vascularização nesta região, com boa correlação com o exame campimétrico.
Concluindo, a tomografia de coerência ótica continua a contribuir de forma expressiva no avanço da Oftalmologia mundial, melhorando a compreensão de diversas patologias oculares, além de monitorar a resposta ao tratamento. Sem dúvida alguma, o OCT e o OCTA são tecnologias que revolucionaram o nosso arsenal propedêutico e prometem novos avanços.