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Junho violeta: mês de prevenção e conscientização do Ceratocone

Junho violeta: mês de prevenção e conscientização do Ceratocone

Coçar ou esfregar os olhos pode parecer um gesto inocente, mas ele pode estar associado a uma doença ocular que, se não tratada, pode causar sérios danos à visão, o ceratocone. O nome não é tão familiar, mas o ceratocone, doença não inflamatória da córnea - lente transparente localizada anterior à íris, parte colorida do olho - pode afetar, segundo estatísticas da literatura especializada, uma em cada duas mil pessoas. A grande maioria dos casos são esporádicos e isolados, mas em 6-8% dos casos há um histórico familiar para o desenvolvimento da doença.

Nesta patologia, a córnea é menos rígida do que o normal, evoluindo com afinamento e encurvamentos progressivos. Esta deformação na forma da córnea causa piora da visão que, inicialmente, pode ser corrigida com óculos, mas que em casos mais avançados necessita de uso de lentes de contatos mais rígidas especiais para ceratocone, anéis corneanos intra-estromais ou até mesmo transplante.

Ao coçar ou esfregar os olhos, o paciente enfraquece a córnea e pode fazer um cone frustro se tornar ativo ou acelerar a evolução de um cone lentamente progressivo. Além deste hábito, outros fatores de risco são: gravidez, uso de anticoncepcionais orais, síndrome de down, síndrome de marfan, osteogênese imperfecta, dentre outras.

A doença costuma surgir entre o final da infância, adolescência ou início da vida adulta, sendo que a maior parte dos pacientes apresentam os primeiros sinais/sintomas entre os 13 e 18 anos. O grande problema da doença se manifestar ainda na infância é que quanto mais jovem o paciente, maior a chance e mais rápida pode ser a progressão. No entanto, depois dos 40 anos de idade, a doença tende a se estabilizar.

O ceratocone não tem cura, mas pode ser tratado. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. Uma consulta de rotina no oftalmologista geralmente é suficiente para a identificação da doença que é confirmada por exames complementares como topografia ou tomografia da córnea. Os pacientes com ceratone não podem coçar e esfregar os olhos e devem realizar consultas e exames com frequência para verificar se há progressão da doença.

Caso haja progressão, em qualquer fase da doença, a recomendação é a cirurgia de Cross-Linking Corneano que consegue parar o avanço do ceratocone em 95% dos casos, mantendo a visão atual do paciente. Se houver piora da visão, com surgimento de miopia e astigmatismo, em casos leves, é possível prescrever óculos. Já os casos mais avançados, onde os óculos não fornecem uma boa visão, lentes de contato rígidas especiais para ceratocone estão indicadas. Caso haja intolerância às lentes de contato, implante de anéis corneanos intra-estromais podem ser usados. Em último caso, se nada funcionar, ainda há a opção do transplante de córnea.

Consultar um médico oftalmologista com frequência é essencial para prevenir essa e outras doenças. No caso do ceratocone, o acompanhamento regular e frequente pode detectar progressão da doença em fase inicial, enquanto a visão ainda não está muito comprometida, evitando o agravamento.

Fonte: Dr. Fernando Spada, médico oftalmologista

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